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sábado, novembro 13, 2010Recursos, Estratégias e Experimentos Didáticos 2021

Como é sabido, trabalho em dois colégios, um particular e outro público.

Em reunião de pais no colégio particular, somos instruídos a não expor os problemas e até mesmo os avanços das crianças para os outros pais, evitando assim comparações. Além disso, evitamos falar o que os pais devem fazer com os filhos, exemplificando: deixar de castigo ou coisas do gênero. E quando é necessário chamar algum pai, fora do dia da reunião, por conta do desempenho ou comportamento, dificilmente conversamos com os pais, somente a coordenação o faz, a fim de nos resguardar um pouco.

Há muito tempo eu não lecionava em colégio público e tão pouco ministrava as reuniões de pais. Quando fui colocada para dar uma reunião de pais em uma sala onde 85% dos alunos estão com defasagem de aprendizagem. Vale lembrar que aqui em São Paulo é aplicada a Progressão Continuada, que seria ótima se os alunos não vissem isso como uma forma de fugir dos estudos, e só estudassem nos dois últimos bimestres da 8ª série / 9° ano. Enfim, o que dizer numa classe com um perfil tão difícil?

Eu fui dar a reunião, da mesma forma que faço no colégio particular. E percebi que os pais não estão acostumados, eles ficaram perdidos, pois queriam ouvir reclamações ou elogios e até mesmo o que fazer com seus filhos ali no meio de todos. Não consegui expor ninguém ao ridículo e muito menos falei que os alunos precisavam levar uma bronca generalizada dos pais. Uma mãe me falou que do jeito que eu falava parecia que eu não ligava para os alunos.

Nesta semana, foi preciso chamar a mãe de 2 meninas devido ao comportamento totalmente inadequado em sala de aula (xingando colegas, dormindo em sala, dançando e assim vai).

A mãe da primeira menina foi logo cedo e com muita pressa, e fui chamada juntamente com outra professora. Ficamos ali na porta da secretaria em pé falando com a mãe. A outra professora, falou tanto e tanta coisa, que eu fiquei envergonhada pela forma que ela tratou a mãe. Despejou um monte de verdades de uma forma tão sem meias palavras, que fiquei sem nem o que dizer. A mãe disse que ia bater na menina e que ia colocar ela pra trabalhar ou cuidar de alguma criança a tarde e a professora disse que era isso mesmo, que tinha que ter responsabilidade, que uma vez que não queria estudar, tinha que fazer algo útil na vida. Imaginem minha cara, de tipo: ué, criança não tem que estudar, para ter um futuro decente?

A segunda mãe chegou logo em seguida, mas só eu fui chamada para conversar com a mãe. Pedi para a mãe sentar no sofá que tinha ali disponível, e falei dos problemas que estávamos enfrentando com a menina e falei da necessidade de mudança de comportamento com relação aos estudos. A mãe ficou olhando para mim, com cara de ué você não vai falar o que eu devo fazer com a minha filha? E ela me disse que ela queria um conselho, o que fazer com a filha dela. Eu respondi que ela devia orientar a filha dela a estudar. E a mãe insistiu: mas como professora?

Fiquei pensando: até que ponto nós professores devemos interferir na educação das crianças? E também até que ponto os professores devem interferir na educação de nossos filhos?


Ana Carolina - @anacarolinaqui

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5 comentários

  1. Oi Carol!
    Vou te chamar assim, posso? rsrs...

    Sabe, tem tantas pessoas tão perdidas, mas tão perdidas, sem saber o que fazer, que elas almejam uma direção, de como agir com os filhos.
    Mas isso é complicado, pois a educação começa no berço, como é que os professores vão se meter em algo tão particular. Não sabemos o que se passa dentro dos lares, de que forma essa criança tem sido criada, etc.
    Mas por outro lado, é uma ótima oportunidade de aconselhar esses pais que desejam, a pararem pra olhar melhor pros seus filhos enquanto é tempo.
    ...é complicado né?...

    Que Deus nos ajude com nossos filhos e que possamos buscar sabedoria nEle sempre! Tanto para o cuidado com os nossos, quanto para termos uma palavra amiga pra falar aos que em nós buscam um conforto.
    Beijooosss.

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  2. Minha irmã também é professora de escola pública e quando ela começa falar sobre as coisas que acontecem lá, deixa todos de boca aberta. É cada absurdo que parece mentira, coisas de arrepiar os cabelos. Não adianta, é muito difícil querer dar educação para alunos quando dentro de casa isso nem existe. Admiro muito os professores que tem amor pela carreira, acho um estrago o pouco valor que é dado à eles. Sinceramente, acho que começa por aí, dar valor à educação como um todo, tanto em casa quanto na escola.

    Bjss

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  3. É assim mesmo que acontece...
    Os pais estão perdidos.
    Já vi alunos apanharem dos pais e até uns que bateram neles.
    A família está perdida, infelizmente.
    A humanidade precisa de Deus!
    Bjs.

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  4. OLÁ !
    VCS DEVEM TER PERCEBIDO QUE NÃO SOU MAMÃE, MAS UM FUTURO PAI NO BLOG, ME ACEITAM NO BLOG ?RSSSS

    BYE
    CARLOS HERRERA
    http://cativosporcristo.blogspot.com/

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  5. Olá !!! parabens pelo post
    Também sou professora e cada dia que passa os pais jogam a responsabilidade dos filhos nas nossas costa, este seu post está bem nítido isso ,parece que os pais se esquecem que somos seres humanos e que também erramos .Eu ja cheguei a pensar que os pais pensam que somos de outro mundo e que podemos dar jeito em tudo rsrsrs

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