Mamãe Camila

Os sonhos, a maternidade e os estudos

sexta-feira, setembro 12, 2014mundodepalavras




"Quando se nasce pobre, ser estudioso é o maior ato de revolta contra o sistema"

Aprendi isso aos 18 anos. Na época, filha de um motorista de ônibus e de uma dona de casa, fui trabalhar para pagar a minha faculdade de Direito, ou melhor, para financiar meu sonho.

Sonho que eu sonhava acordada, porque não tinha nem tempo para dormir. Uma jornada louca e cansativa de 5 anos, que valeu à pena. Não apenas pelo retorno financeiro, mas pela realização do sonho.

Aprendi que, apesar de parecer clichê, somos responsáveis por nossas escolhas sim e que para colher os frutos é preciso semear... sob suor, lágrimas, chuva, sol e falta de grana.

Vejam, não há demérito algum em ser pobre e o fato de estudar por si só não transforma a vida de ninguém da noite para o dia. É um processo...

O lance é que, na maioria das vezes, a pobreza não é uma escolha, mas uma condição social imposta pela sociedade desigual. E a gente sabe bem que vivemos num país com um índice de desenvolvimento humano vergonhoso.

O que acho injusto e cruel é a falta de oportunidades para todos.

Se a pessoa não quiser estudar, ok. Mas se ela quiser é necessário ter garantidas mínimas para isso.

O acesso às universidades públicas é dificílimo e às particulares são para poucos.

Então, para o pobre estudar é necessário muitas vezes, realizar um sacrifício quase desumano. Ir na cara e na coragem, na raça mesmo!

E foi isso que eu tive que fazer.

Afinal, brasileiro aprende rápido que quando a oportunidade não nasce pronta, a gente vai lá e cria.

Na faculdade convivi com muitas mães que se viravam nos 30 para concluir o curso. Algumas moravam na cidafe vizinha, outras,levavam as crianças para a sala de aula ou se revezavam cuidando delas nos corredores e até dentro dos carros no estacionamento.

Estudei com mães casadas, solteiras, gestantes e avós. Todas elas cheias de dificulfades e empecilhos, mas determinadas e focadas.

Antes de ser mãe eu não tinha a menor noção da dimensão do sacrifício que elas estavam fazendo. Hoje eu tenho.

Algumas mulheres deixam de estudar por conta de uma gestação,  outras por falta de apoio familiar e muitas por não possuírem recursos financeiros. Eu não as julgo, mas quero deixar um recado de ânimo para você que deseja estudar e não vê hoje, uma luz no fim do túnel.

Não pare de caminhar, sonhar e planejar, porque em algum momento você verá a claridade. A saída só aparece para quem continua procurando por ela.

Se por algum motivo você não conseguiu realizar ainda o sonho de estudar, não desanime.

Hoje em dia as oportunidades são um pouco maiores que antigamente, com a prova do ENEM, do PROUNI, com a educação à distância...

É preciso força, determinação e fé.
Afinal,  enquanto houver fôlego de vida há esperança. E a esperança é o combustível da nossa alma.

Bom final de semana!

Camila Vaz
http//: mundodepalavras@wordpress.com

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2 comentários

  1. Oi Camila!
    Assim como você, na época que fiz faculdade, também não tinha ideia de como algumas mulheres que estudavam comigo e já eram mães se desdobravam para conciliar, na maioria das vezes, filhos, trabalho e estudos. E a maioria tinha essa jornada tripla e, o mais admirável, elas conseguiam "dar conta" e, algumas, ainda se destacavam, por mérito, na questão de rendimento nos estudos.
    Até hoje lembro delas e as admiro. Espero que outras mulheres que, ao lerem seu texto, e estejam vivenciando esse momento, também tenham dedicação e não desistam!
    Beijos,
    Larissa Andrade.

    http://maternidadeecotidiano.blogspot.com.br/

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  2. Lindo depoimento, Camila!! Convivi com mulheres nessa vida louca e na época eu não tinha noção do quanto devia ser dificil. Hoje me pego lembrando delas e pensando como elas conseguiam dar conta de tudo? Como se formaram com notas excelentes?! Incrivel a capacidade que temos quando queremos de verdade algo! Parabéns pela sua conquista!! Li uma vez e acredito nisso: "sonhos não tem pernas, mas você tem"! É isso aí!!

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